Esquerda mostra incertezas para 2022, após resultados negativos nas eleições 2020
As definições das disputas municipais das eleições 2020 podem significar menos força da esquerda e do bolsonarismo para 2022.
As definições das disputas municipais das eleições 2020 podem significar menos força da esquerda e do bolsonarismo para 2022. O chefe do Executivo nacional não viu a consolidação de candidatos com o discurso que o elegeu e sofreu derrotas no Nordeste e no Sudeste.
Na capital de Pernambuco, os candidatos ligados ao presidente nem chegaram ao segundo turno. Para Pedro Gustavo de Sousa Silva, doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o cenário para 2022 ainda é incerto, mas já aponta para algumas tendências.
Alianças para as eleições gerais de 2022
De acordo com o especialista, o momento atual sinaliza uma possível união entre PSB e PDT, liderada por Ciro Gomes; já o PT precisa buscar a retomada do protagonismo e, para isso, pode arriscar um diálogo com PCdoB e Psol. Para ele, a definição de alianças da esquerda vai depender dos próximos dois anos e da força política do presidente Bolsonaro.
Na avaliação dos analistas, associações a Bolsonaro tiveram efeito negativo nas eleições do Nordeste. Na capital cearense por exemplo, o candidato que disputou o segundo turno, Capitão Wagner, passou os últimos dias de campanha tentando se desvincular da imagem do presidente.
Em Salvador, maior colégio eleitoral do Nordeste, Bolsonaro foi pouco citado pelos candidatos e a vitória ficou com o vice de ACM Neto, o ex-deputado estadual Bruno Reis (DEM), ainda no primeiro turno.
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Em Maceió, capital mais bolsonarista da região nas eleições de 2018, o nome do presidente também foi pouco mencionado. A vitória foi de JHC (PSB). Em João Pessoa, a esquerda foi derrotada no primeiro turno e o PT optou com um apoio crítico a Cícero Lucena (PP) no segundo; o candidato foi eleito.
Em Teresina, a direção petista se voltou ao vitorioso Dr. Pessoa (MDB), que também fez declarações positivas sobre Bolsonaro. Em Aracaju, a candidata associada ao presidente, Delegada Danielle, foi derrotada por Edvaldo (PDT).
Assim, as capitais nordestinas foram conquistadas por três partidos: PDT (Fortaleza e Aracaju), PSB (Maceió e Recife) e DEM (Teresina e Salvador). As outras serão administradas por Podemos, PP e PSDB.
Mônica Chagas Ferreira é mestranda em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e formada em Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Como pesquisadora, estuda Análise do Discurso na perspectiva foucaultiana, contemplando relações de saber, poder e política presentes na mídia. Enquanto jornalista, já atuou em rádios e veículos impressos. Atualmente trabalha como assessora de comunicação e redatora do Jornal O Norte.