Eleições: Pesquisa mostra que inscritos do Bolsa Família custeiam campanhas eleitorais
Uma pesquisa do jornal O Globo apontou que beneficiários doaram mais de R$ 23 milhões para campanhas das eleições 2020.
Uma pesquisa do jornal O Globo apontou que beneficiários do Bolsa Família e do auxílio emergencial doaram mais de R$ 23 milhões a campanhas para as eleições. O cruzamento de dados considerou informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Ministério da Cidadania.
O levantamento ainda mostra que aproximadamente 23 mil pessoas fizeram doações, sendo R$ 13,2 milhões em doações financeiras e R$ 10,6 milhões em doações estimadas, relacionadas a materiais e serviços. A média de valores é de R$ 650, corresponde às parcelas do auxílio emergencial.
Financiamento de campanhas para as eleições
A doação para campanhas políticas é permitida por lei, desde que o valor não ultrapasse 10% da renda contabilizada no ano anterior. Os órgãos responsáveis estão trabalhando em conjunto com a Receita Federal, o Tribunal de Contas da União, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Ministério Público e Polícia Federal para investigar as doações.
As irregularidades devem ser divulgadas até fevereiro, quando as contas de campanha forem julgadas. Os candidatos que não estiverem dentro do teto do TRE, com valores inferiores à capacidade econômica, pode ter o registro indeferido e a candidatura cassada.
A reportagem do Globo também apontou que os políticos já tinham declarado mais de R$ 424 milhões em receitas próprias ou pessoas físicas, até a última sexta-feira (23). Desta quantia, aproximadamente 5,6% foi arrecadado com recursos dos programas assistenciais do auxílio emergencial e do Bolsa Família.
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A maior doação registrada até o momento foi realizada por Leonardo Silva Menezes, candidato à prefeitura de Goianésia (GO) pelo DEM. O valor é de R$ 71,5 mil, superior ao que foi declarado por ele ao TSE. Situações semelhantes foram identificadas em outros estados, para campanhas de candidatos a prefeito e vereador.
Os recursos de programas assistenciais foram recebidos por candidatos dos 32 partidos, sendo que os que mais receberam foram MDB, PSD, DEM, PP e PSDB. O Ministério da Cidadania garantiu que vai apurar irregularidades e uso indevido de CPF de terceiros para encobrir doações. A pasta também afirmou que pode cancelar benefícios, se descobrir que os inscritos estão fora do perfil.
Mônica Chagas Ferreira é mestranda em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e formada em Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Como pesquisadora, estuda Análise do Discurso na perspectiva foucaultiana, contemplando relações de saber, poder e política presentes na mídia. Enquanto jornalista, já atuou em rádios e veículos impressos. Atualmente trabalha como assessora de comunicação e redatora do Jornal O Norte.