Eleições 2020 têm o maior registro de candidatos militares dos últimos tempos
O número de candidaturas de policiais e militares é o maior dos últimos 16 anos nas eleições 2020. Ao todo, são 6,7 mil.
O número de candidaturas de policiais e militares é o maior dos últimos 16 anos nas eleições 2020. Ao todo, são 6,7 mil concorrentes para os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador em todo país. Em relação às últimas eleições municipais, o aumento foi de 12,5%, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Entre as categorias consideradas militares, estão policiais, bombeiros, integrantes das Forças Armadas e militares reformados. A maior quantidade é de policiais militares, que somam 3,5 mil candidatos. Seguidos de militares reformados (1,7 mil); policiais civis (919); bombeiros (344) e membros das Forças Armadas (182).
Estatísticas de candidaturas militares nas eleições 2020
A maioria dos militares disputa uma vaga para as câmaras municipais (5,9 mil). Outros 387 concorrem ao cargo de prefeito. Na distribuição por partido, o PSL acumula o maior número de registros, com 649 candidatos. Depois aparecem Republicanos (433), PSD (422) e MDB (402).
O professor de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Adriano Codato, explica que o aumento de candidaturas de militares costuma estar associado a crises de segurança, quando o tema ganha muita visibilidade e estimula a participação de agentes nas eleições. Este ano, entretanto, os números podem estar associados ao bolsonarismo.
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Segundo ele, a participação de mais candidatos militares também muda os rumos de campanha, pois estes candidatos tendem a adotar discursos mais radicais de lei e ordem.
Para o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, a eleição de candidatos militares não é bem vista, pois há uma confusão entre os papeis desempenhados. Ele defende o afastamento de servidores que desejam concorrer a cargos políticos.
Ele explica que não há fronteiras bem definidas entre polícia e política, o que precisa ser visto com cuidado pelos eleitores. “Juízes e promotores precisam sair das carreiras para se candidatar, então os militares deveriam seguir o mesmo processo do jogo democrático”, afirmou.
Lima também analisa que o interesse dos militares pela política está em crescimento antes mesmo de 2018. Para ele, isso de seve a uma “convergência ideológica”, que uniu interesse pela pauta da ordem e dos costumes.
Mônica Chagas Ferreira é mestranda em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e formada em Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Como pesquisadora, estuda Análise do Discurso na perspectiva foucaultiana, contemplando relações de saber, poder e política presentes na mídia. Enquanto jornalista, já atuou em rádios e veículos impressos. Atualmente trabalha como assessora de comunicação e redatora do Jornal O Norte.