Eleições 2020: Estudo aponta baixa representatividade política das mulheres negras
Mesmo com a cota de 30% de candidaturas para mulheres pelos partidos políticos nas eleições 2020, a representatividade ainda é baixa.
Mesmo com o cumprimento da cota de 30% de candidaturas para mulheres pelos partidos políticos nas eleições 2020, a representatividade ainda é baixa. Um levantamento realizado pelo Movimento Mulheres Negras mostra que, em 2016, o número de eleitas para vereadoras ou prefeitas não chegou a 5%.
No total, as mulheres negras representam 27,8% da população brasileira, mas não chegam a assumir os cargos políticos. Tanto em número de candidatas quanto de eleitas, elas ficaram atrás de homens brancos, homens negros e de mulheres brancas nos dois cargos nas últimas eleições municipais.
Representatividade cresce lentamente nas eleições 2020
Em 2016, 4,1% das candidaturas a prefeituras eram de mulheres negras (691). Os candidatos homens brancos somavam 57,7%; homens negros, 28,7%; e mulheres brancas, 8,8%. Do total de candidatas negras, 3,2% (180) foram eleitas. No pleito deste ano, houve um pequeno aumento no número de candidatas, de 0,4 ponto percentual.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também mostra que nas últimas eleições não foram identificadas candidaturas negras em 2.512 (45%) dos 5.538 municípios brasileiros. Naquele pleito, mulheres negras foram apenas 652 (0,13%) das candidatas a cargos majoritários.
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A cofundadora e coordenadora do Movimento Mulheres Negras Decidem, Diana Mendes dos Santos, explica que as mulheres negras não são vistas como um grupo demográfico e que esta visão precisa mudar. O movimento está presente em 16 unidades da Federação e promove ações para aumentar a representatividade.
Segundo ela, as mulheres negras representam cerca de 28% da população brasileira, ou seja, o maior grupo demográfico do país, que pode vir a ter a maior força eleitoral. As mulheres negras comprometidas com a agenda política têm um projeto de país que contempla saúde e educação, igualdade racial, fortalecimento da democracia, acesso a direitos, entre outros, defende Diana.
De acordo com o estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e da Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), o Brasil está entre os países da América Latina que mais apresentam obstáculos para os direitos políticos das mulheres e a paridade política entre homens e mulheres. Em um ranking com 11 países, o Brasil ocupa o nono lugar.
Mônica Chagas Ferreira é mestranda em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e formada em Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Como pesquisadora, estuda Análise do Discurso na perspectiva foucaultiana, contemplando relações de saber, poder e política presentes na mídia. Enquanto jornalista, já atuou em rádios e veículos impressos. Atualmente trabalha como assessora de comunicação e redatora do Jornal O Norte.