Guedes afirma que ‘ministros fura-teto’ querem levar Bolsonaro ao impeachment
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que os auxiliares estão aconselhando o presidente a furar a regra do teto de gastos.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que os auxiliares estão aconselhando o presidente a furar a regra do teto de gastos. O objetivo seria levá-lo a uma zona de impeachment. A declaração foi dada na terça-feira (11), após uma reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
Guedes não citou nomes, mas afirmou que o Ministério da Economia não apoia “ministros fura-teto”. Ainda segundo ele, o governo precisa fazer a coisa certa para que o presidente seja reeleito. Extrapolar o teto de gastos pode representar irresponsabilidade fiscal. O ministro também anunciou os pedidos de demissão dos secretários Salim Mattar e Paulo Uebel.
Teto de gastos do Governo Federal
A regra foi criada por meio de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) durante o governo de Michel Temer, em 2016. O texto restringe as despesas da União por 20 anos e estabelece que só podem crescer o equivalente ao gasto do ano anterior corrigido pela inflação. A regra também define que o teto pode ser revisto após dez anos.
Com a crise econômica agravada pela pandemia do novo coronavírus, alguns setores políticos tentam alterar o teto para permitir que o governo gaste mais do que o previsto. Os argumentos são para aumentar os investimentos públicos e impulsionar a economia.
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O Ministério da Economia e a Casa Civil mobilizaram uma consulta ao Tribunal de Contas da União sobre a possibilidade de ultrapassar os limites do teto de gastos, na última semana. O presidente da Câmara já criticou a tentativa de modificação e alertou que a manutenção do padrão de gastos de 2020 para o ano que vem pode levar o país ao caos.
Maia lembrou que isso já ocorreu antes e levou ao processo de impeachment de Dilma Rousseff, por irresponsabilidade fiscal. Depois da reunião com Guedes, o deputado postou uma mensagem em uma rede social dizendo que “não haverá jeitinho nem esperteza para desrespeitar o teto de gastos”. Ele também afirmou que a Câmara não vai pautar prorrogação do estado de calamidade. A medida autoriza o governo a extrapolar o orçamento.
Mônica Chagas Ferreira é mestranda em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e formada em Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Como pesquisadora, estuda Análise do Discurso na perspectiva foucaultiana, contemplando relações de saber, poder e política presentes na mídia. Enquanto jornalista, já atuou em rádios e veículos impressos. Atualmente trabalha como assessora de comunicação e redatora do Jornal O Norte.